Cultura

Podemos falar em “cultura humana” tomada em seu sentido mais universal, como uma das criações que nos gerou como seres-da-Vida aqui na Terra. Mas isto junto com a compreensão de que na realidade de nossa pluralidade, a cultura “são culturas”. E, assim, cada cultura é uma experiência única, irrepetível e irredutível a qualquer uma outra cultura. Cada sistema cultural existe em seu próprio tempo, em seus cenários e em seu próprio ritmo. Cada cultura possui uma coerência interna em todos os seus planos e em suas dimensões de realização. Portanto, cada cultura somente pode ser plenamente compreendida em toda a sua experiência, “de dentro para fora”, e do interior de sua própria lógica em relação com qualquer outra cultura.

Somos iguais, mas somos igualmente diferentes. Somos uma única espécie biológica; mas dentro dela somos uma imensa variedade de modos de viver, de sentir, de saber e de construir a vida. Nada mais errado do que dizer: “esse homem não tem cultura nenhuma”. Nada mais equivocado do que dizer: “essa é uma gente sem cultura”. E, no entanto, não é raro que algumas pessoas pensem assim. E também não são raras hoje em dia, como no passado, ações sociais derivadas de ideias que centram em um modo de ser ou em uma cultura toda a excelência, e desqualificam as outras. Ações sociais por meio das quais em algum lugar do mundo uma língua antiga de um povo é proibida de ser falada; uma religião é proibida de ser praticada, algumas formas de pensamento são proibidas de serem pensadas e algumas canções são proibidas de serem cantadas.

Entre o que podemos chamar de “cultura Tapirapé”, “cultura Aymara”, “culturas de tradições Afro-Americanas” e “culturas Brancas de tradição Europeia nas Américas”, existem formas qualitativas de diferenças de realização e, não, graus quantitativos de desigualdade evolutiva traduzível como mais ou menos “primitiva” ou “civilizada”. Os cientistas da natureza, da vida e da sua versão humana biólogos, geneticistas, paleontólogos, etc.) não encontram razão alguma que justifique uma diferença que signifique uma desigualdade qualitativa entre as diferentes “raças humanas”, cujo equivalente cultural são as inúmeras etnias do passado e do presente da humanidade. Assim também os cientistas sociais não afiliados a alguma visão evolucionista estreita, não encontram motivos para classificar as culturas dos diferentes povos da terra segundo qualquer escala hierárquica típica dos olhares do passado. E existem cientistas que atribuem graus e formas próprias de vida cultural entre outros seres vivos na Terra.

Não existem escalas; não há uma “trajetória do “selvagem-ao-civilizado”, passando pelo bárbaro”, e estes qualificadores são hoje desqualificados cientificamente. Não existe um eixo central desde onde as culturas partem, e não há um ápice cultural que todas devem inevitavelmente atingir. Existem diferentes vocações culturais. E esta diferença não é um acidente transitório a superar. Ela é a própria realização de uma vocação humana à liberdade, na criação contínua da diversidade das experiências humanas de vida e de sentido da vida.

Sem qualquer eixo universal de determinação de direções únicas, as culturas humanas possuem situações de origens diferenciadas. Possuem trajetórias de interações com a natureza e com outras culturas também diferentes. Possuem, finalmente, também diferenciados ritmos de transformações, e vocações de realização de si-mesmas e de seus sujeitos.

Assim sendo, os próprios sonhos e os ideais humanos, como a busca universal da paz, como o destino ao amor, à partilha solidária da Terra, como a procura incessante de construção de um mundo humana justo, fraterno e não-excludente de pessoas, de povos e de experiências culturais, há de ser uma convergência entre pessoas, povos e culturas diferentes pela escolha de seus caminhos. E de seres absolutamente igualados quanto aos direitos humanos de trilhá-los com passos de atores humanos livres, participantes, solidários e felizes. Fernando Pessoa escreveu isto: “tudo o que existe é diferente de mim. E por tudo existe”.

Somos iguais, mas somos igualmente diferentes. Somos uma única espécie biológica, mas dentro dela, somos uma imensa variedade de modos de viver, de sentir, de saber e de construir a vida. Nada mais errado do que dizer: “esse homem não tem cultura nenhuma”. Nada mais equivocado do que dizer: “essa é uma gente sem cultura”. E, no entanto, não é raro que algumas pessoas pensem assim. E também não são raras hoje em dia, como no passado, ações sociais derivadas de ideias que centram em um modo de ser ou em uma cultura toda a excelência, e desqualificam as outras. Ações sociais por meio das quais em algum lugar do mundo uma língua antiga de um povo é proibida de ser falada; uma religião é proibida de ser praticada, algumas formas de pensamento são proibidas de serem pensadas e algumas canções são proibidas de serem cantadas.

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