Para entendermos o uso das artes em processos educacionais e comunitários relacionados a coexistência entre comunidades conflitantes, com relações de violência emocional e física é preciso entender a base teórica sobre a qual criamos nossos modelos de ação.
1. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
A primeira teoria é a teoria de inteligências múltiplas. O conceito moderno de inteligência surgiu nos anos 1920 com o psicólogo francês Binet, a pedido do ministério de educação francês. Este pediu a Binet que crie um teste para selecionar os mais capacitados, que possam assumir as lideranças científicas, acadêmicas, políticas, econômicas e sociais-políticas do País. Neste momento surgiu o precursor do teste de Q.I.
Inteligência se definiu como a capacidade do ser humano de captar o mundo (input), processar a informação (process) e encontrar soluções (output).
Este conceito permaneceu único até os anos 80, quando Dr. Howard Gardner, da Universidade de Harvard, propõe a teoria de Inteligências Múltiplas, na qual define que o ser humano possui 7 inteligências distintas, ou seja, sete formas de captar, processar e solucionar o mundo. Nestes 35 anos foram aderidas outras 3 inteligências básicas, somando 10 ao total:
Inteligência Logica-Matemática: desenvolvimento do pensamento abstrato, símbolos, números, fórmulas, precisão e organização.
Inteligência Verbal: a capacidade verbal, linguagem, gramática e a manipulação da palavra falada e escrita.
Inteligência Espacial: a capacidade de integrar formas, elementos espaciais, cores, ordenando-os no espaço e criando relações metafóricas entre eles.
Inteligência Musical: se relaciona diretamente com as habilidades musicais, ritmo, tom.
Inteligência Cinética: engloba tudo que se relaciona com o movimento corporal, objetos, reflexos, sensorial motor.
Inteligência Natural: a capacidade de integrar-se a natureza, conhecer e reconhecer sem necessidade de busca teórica em fontes de informação.
Inteligência Espiritual: a capacidade de se desconectar da realidade temporal e espacial e poder situar-se num espaço entre o ativo e passivo. Meditação, orações, contemplação.
Inteligência Sexual: envolve a capacidade de estar presente sensorial e emocional aqui e agora, a capacidade de criar situações intimas e a capacidade de receber e dar prazer físico.
Inteligência Intrapessoal: o conhecimento e a conscientização de si, através do sensorial, emotivo, racional e moral-ético.
Inteligência Interpessoal: a capacidade de conhecer e se conscientizar do outro, através do sensorial, emotivo, racional, moral-ético. A capacidade de ser empático e criar relações interpessoais.
Cada ser humano possui um perfil das sete inteligências único e particular, sendo parte delas sobressalentes, parte delas medianas e parte debilitadas. Diagnosticar e definir o perfil individual significa criar um novo sistema de avaliação, diferente do Q.I., em parte quantitativo e em parte qualitativo. Isto significa que aceitando a teoria de Gardner deixamos de definir o indivíduo como inteligente ou não, e passamos a definir a área na qual ele é inteligente ou não. Estamos democratizando a inteligência e redefinindo todos os valores psicopedagógicos do sistema educacional – definição de curriculum, temática, estrutura, metodologias, métodos de avaliação e principalmente filosofia e objetivos do sistema educacional.