3. TEORIA DA VIOLÊNCIA E RACISMO
Vivemos num período de mudanças drásticas. Se no passado o ritmo era linear passamos nos últimos 100 anos a um ritmo exponencial. O saber universal se duplica em cada 3 anos. Essas mudanças não são boas ou más, elas são inevitáveis.
Mudanças nas estruturas físicas do nosso meio (energia, meio de transportes, infraestruturas urbanas), nos valores de nossa sociedade (família, sexo, trabalho-lazer, ciência-religião etc) e na ciência-tecnologia. Essas mudanças criam uma reação contrária, principalmente aos setores mais conservadores que procuram apegar-se a todo custo nos modelos arcaicos da sociedade que estamos deixando para trás. Estes setores da sociedade se veem frustrados, sobrecarregados emocionalmente e em crise.
O conflito entre as forças conservativas com as forças liberais faz parte do processo de desenvolvimento da civilização humana, criando um processo espiral. Esse processo de conflito não é bom ou mal. É neutro. A nossa relação a ele é que definirá o seu caráter.
Nós podemos reagir a mudança e ao conflito através de duas atitudes:
• Violência
• Não violência
A escolha da solução do conflito através da violência nos levará a pobreza não só física, racismo e mais violência.
Dr. Martin Luther King desenvolveu um modelo teórico sobre violência e racismo. Trarei um resumo da teoria, baseado nos workshop que Dr. Mack, diretor do Instituto Drum, realizou em Israel com 30 representantes de ONGs de DDHH e coexistência.
M.L.K. definiu 3 níveis de violência e racismo:
I. Individual – o racismo e a violência estão voltados diretamente de individuo a individuo através de violência moral, emocional ou física.
II. Organizacional – a cultura organizacional apresenta aspectos de violência ou racismo, através das normas internas da organização.
III. Institucional ou legal – a nação determina leis racistas e violentas.
Martin Luther King disse: “Nós temos que aprender a viver juntos, em comunidade, ou submergir como estúpidos.”
Ao contrário da solução dos conflitos através da violência, a não violência nos levará à liberdade, justiça e igualdade. A vida comunitária. O judaísmo prega a vida comunitária e seu principal valor é sermos “arevim ze leze”, “guardiões um do outro”.
A educação e o desenvolvimento de projetos comunitários e nacionais de diálogo entre os setores distintos da sociedade são os principais meios para confrontar-nos com o racismo e a violência individual.
Os mesmos, unidos a atuação política e imposição de leis contra a violência e o racismo, serão os meios para confrontar-nos com o racismo e a violência organizacional.
A atuação política através de leis antirraciais e contra a violência será o meio para confrontar-nos com leis raciais.
O processo de mudança para uma sociedade antirracista e não violenta será um processo de duas vias: de baixo para cima e de cima para baixo. Isto é, temos que desenvolver projetos, principalmente através de organizações educacionais, sociais (3º setor), acadêmicas e artísticas-culturais, de aproximação entre comunidades conflitantes e criar uma frente “climática” de reconciliação. Por outro lado, paralelamente a isso, temos que atuar no setor político através de partidos políticos, empresas particulares “minded” a esses objetivos, setores religiosos moderados para obter maioria que efetuará leis antirraciais.